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Comando Vermelho usa apps de mensagem para divulgar torturas, aponta investigação

Líderes do Comando Vermelho (CV) utilizam apps de mensagem para se comunicar com os demais integrantes e divulgar, entre outras coisas, quais punições serão aplicadas a moradores de áreas dominadas. É o que apontam as investigações que originaram a megaoperação policial no Rio de Janeiro (RJ), na terça-feira (28).

Como noticiou o g1 hoje (29), policiais identificaram diversos grupos em mensageiros nos quais são informadas as penalidades para quem tem comportamentos que desagradam às lideranças dos complexos do Alemão e da Penha. Os castigos variam de espancamentos a homicídios, dependendo do caso.

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A megaoperação ocorrida no Rio de Janeiro está sendo considerada a mais letal da história da cidade. (Imagem: Wagner Meier/Getty Images)

Pessoas arrastadas e torturadas com gelo

As mensagens interceptadas pelos investigadores mostram como os moradores dessas comunidades da Zona Norte da capital fluminense podem se tornar reféns da violência caso tenham problemas com as lideranças do tráfico. Em uma delas, há imagens de um homem arrastado pelas ruas.

  • Segundo a reportagem, a vítima foi algemada e amordaçada enquanto era arrastada por cerca de sete minutos em meio às ruas da localidade;
  • Durante a tortura, os criminosos a obrigaram a delatar membros de uma quadrilha rival, enquanto o responsável pelo castigo debochava dela, que está desaparecida;
  • A investigação diz que o traficante Juan Brenos Ramos, conhecido como “BMW”, é quem aplica esta e outras punições;
  • Em meio ao castigo, ele aparece fazendo uma chamada de vídeo com outro participante da facção, identificado como Carlos Costa Neves (Gardenal).

Nos grupos abertos nos aplicativos de mensagem, também foram encontradas imagens de torturas relacionadas a brigas em bailes funk. Para evitar esses confrontos, o CV adotou uma punição diferente: colocar os envolvidos em galões cheios de gelo.

Uma das publicações mostra uma mulher, que teria se envolvido em brigas durante as festas, coberta de gelo. A legenda dá a entender que os criminosos optaram por esse tipo de tortura para “não bater” em moradores.

A facção criminosa usa os mensageiros para diversas discussões, segundo a investigação. (Imagem: gorodenkoff/Getty Images)

Esquema de segurança definido por mensagens

Ainda de acordo com a publicação, os apps de mensagem ajudam as lideranças do CV a definir a escala da segurança nos pontos de venda de drogas e a determinar os homens armados que irão escoltar os chefes em um determinado dia. Os escolhidos são notificados por meio dessas plataformas.

Nas publicações vistas pelos investigadores, também é citado o traficante Edgar Alves de Andrade (Doca). Ele e os outros dois foram denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por envolvimento com os assassinatos de três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, em 2023.

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